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Desde abril de 2020, o projeto ‘UFSCar Sorocaba em ação’ já doou 4 mil e duzentos litros de álcool em gel. Somente nesta sexta-feira, 18, foram 350 litros destinados a instituições como o Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS), o BOS e, também, à Central Única das Favelas (Cufa) de Sorocaba. O material é um importante item de segurança devido à pandemia da Covid-19. 

O ‘UFSCar Sorocaba em ação’ já atendeu a diversas entidades. De acordo com Raul Amorim, um dos alunos voluntários do projeto, as Santas Casas de Tatuí, Cerquilho, Sorocaba e Boituva, bem como o Hospital Municipal de Votorantim, já foram beneficiadas. Até mesmo instituições de São Bernardo do Campo puderam receber os frascos e litros do produto. 

O Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal) participou das doações auxiliando na logística dos materiais até os pontos de recebimento. Na concepção do secretário de organização do SMetal, Izídio de Brito, essa é uma forma de fortalecer o papel do Sindicato Cidadão. “Essa ação em unidade com a UFSCar, o DCE e o Levante Popular da Juventude reafirma o nosso conceito de Sindicato Cidadão que tem, por si só, a essência de levar cidadania à população”, afirma. 

“A gente fica muito feliz com essas doações porque só a gente sabe o quanto é importante que esses produtos cheguem às favelas. Só podemos agradecer à UFSCar, Levante e SMetal pela parceria”, comenta a coordenadora da Cufa Sorocaba, Drika Martim. A Cufa recebeu nesta manhã 100 litros de álcool em gel, divididos em fracos, além de 150 máscaras de proteção do modelo mais seguro, o PFF2, que serão distribuídos na Favela Santa Rosa.

Produção própria

Para além de chamar atenção pelo ato de solidariedade, o projeto ganha visibilidade já que são os próprios voluntários que produzem o álcool em gel doado para a sociedade. A produção acontece no Laboratório de Fisiologia Animal e Vegetal, no campus Sorocaba da Universidade Federal de São Carlos, sob a supervisão da professora Monica Jones, do Departamento de Biologia. 

Ela explica que, tecnicamente, o processo que começou ainda em 2020 passou por algumas etapas como a adequação às normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e às recomendações da Organização Mundial da Saúde para atingir um padrão de segurança e eficácia.

Hoje, Mônica supervisiona 11 alunos que dedicam seu tempo e conhecimento para ajudar a sociedade. “Essa ação traz muita alegria e satisfação, inclusive com toda essa equipe de estudantes voluntários e voluntárias. Acho que a devolutiva que temos que dar para a sociedade é essa, já que fazemos parte da universidade pública. Eles como futuros biólogos, cientistas e químicos e eu como professora. Nossa função não é só falar sobre educação em ambientes formais como a sala de aula, mas debater com a população”, afirma Mônica.

Para o voluntário Raul Amorim, o projeto tem o intuito de concretizar o motivo da universidade existir: que é para o avanço da sociedade. “Quando ele começou, em abril de 2020, era uma forma da gente dar suporte aos profissionais da saúde porque víamos que eles estavam desamparados pelo governo. Agora, com avanço da pandemia, a ação se tornou imprescindível para vários hospitais pois, quando ofertamos o insumo, a instituição diminui seus custos com esse tipo de EPI”, comenta. 

Estudantes fazem apelo pela educação 

Desde 2019, a UFSCar registra déficit orçamentário e, neste ano, o governo federal anunciou, mais uma vez, cortes nas verbas das universidades federais. Após a definição da Lei Orçamentária Anual (LOA), os funcionários, professores e estudantes viram esse cenário piorar com riscos, inclusive, de paralisação no funcionamento da instituição.

Izídio de Brito comenta que "a atitude de produzir o álcool em gel e, várias outras propostas para a sociedade, só reforça a importância de investimentos na ciência e na educação pública". Para ele, os cortes nas verbas faz parte de um governo negacionista que não tem a educação como prioridade.

“A educação pública é um direito e a ideia que passam para a população é que se trata de um espaço de balbúrdia, de distorção de valores, em que não existe nenhuma produção de conhecimento. Hoje o principal líder de estado, Jair Bolsonaro, constantemente faz ataques à ciência, à saúde e à educação. O que está acontecendo com as pessoas que vem a universidade dessa forma faz parte de um projeto de sociedade. O objetivo é a exclusão da classe trabalhadora, tentando limitar o acesso aos espaços de conhecimento”, finaliza a militante do Levante Popular da Juventude, e aluna da UFSCar Sorocaba, Karina Bispo. 

Projeções 

Para o futuro, o 'UFSCar Sorocaba em ação' pretende continuar operando e produzindo para auxiliar os cidadãos de Sorocaba e toda região.