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Temer ouve vaia em desfile em Brasília e nos Jogos Paralímpicos
Os preparativos em Brasília chamaram atenção porque nem no auge dos protestos a favor do impeachment de Dilma Rousseff (PT), no ano passado, tomou-se tanta precaução para que o chefe de Estado não fosse alvo de manifestações. Dessa vez, Temer quebrou dois protocolos, não usou a faixa presidencial nem desfilou no Rolls-Royce conversível que os presidentes costumam usar nesta data. Militantes que colaram adesivos nas roupas contra o peemedebista foram retirados das arquibancadas e quem estava com cartazes ou faixas com críticas ao Governo teve de entregá-los aos seguranças.
Apesar do sonoro protesto, aliados do peemedebista, mais uma vez, subestimaram atos, ainda que repetiram que são democráticos. O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, disse que havia 18 manifestantes diante de um público de 18.000 pessoas. "18 pessoas [protestando] em 18 mil [presentes], a dimensão está boa. Você já ouviu falar em democracia sem liberdade de expressão?", questionou Padilha após o ato. O ministro da secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, seguiu na mesma linha, mas foi mais irônico. "Que protesto? 15 pessoas?". Já o secretário da pasta de Parcerias de Investimentos, Wellington Moreira Franco, afirmou que Temer se preparou a vida inteira para esse tipo de evento e que as manifestações são "fruto de uma política desesperada de quem perdeu".
Pedido de novas eleições
Logo após o desfile de comemoração da Independência do Brasil, outra marcha começou no lado oposto da Esplanada dos Ministérios. Dela participaram ativistas contrários ao Governo Temer e que pediam a realização de nova eleição presidencial. Eram cerca de 3.000 pessoas, de acordo com a Polícia Militar, e 20.000, segundo a organização do "Grito dos Excluídos", um protesto anual que acontece na data.
Diversos movimentos sociais e partidos políticos contrários à destituição de Rousseff participaram desse protesto. Entre eles, o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), o Movimento de Luta pela Terra (MLT), a União Nacional dos Estudantes (UNE), a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Central dos Trabalhadores Brasileiros (CTB), além os partidos dos Trabalhadores (PT), Socialismo e Liberdade (PSOL), da Causa Operária (PCO) e o Comunista do Brasil (PCdoB).
Na multidão, porém, também havia manifestantes que não eram vinculados a nenhuma agremiação. "Não gosto da Dilma e muito menos do Temer. Mas acho que a deposição dela foi feita de maneira errada. Foi um golpe e, por isso, estou aqui para pedir novas eleições", afirmou a estudante universitária, Márcia Souza, de 20 anos. "Estamos correndo o risco de ver o retrocesso de uma série de políticas voltadas para negros, mulheres e a população LGBT. Concordando ou não com a Dilma, não podemos aceitar um presidente que não teve o voto direto da população", reclamou o artesão e ativista de direitos dos homossexuais Carlos Proença, de 46 anos.
A marcha contra Temer durou cerca de duas horas. Começou nos arredores da Catedral Metropolitana e seguiu até o Congresso Nacional, onde depois de uma série de discursos houve a dispersão da multidão. O único incidente registrado foi uma agressão contra dois repórteres do portal UOL cometida por manifestantes anti-Temer.
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