Imprensa
Reciclagem e geração de renda
A administração do prefeito Vitor Lippi deixa de implantar uma política municipal de coleta apenas pela satisfação de não reconhecer o mérito de duas iniciativas: um Projeto de Lei elaborado por um vereador da oposição e o trabalho pioneiro desenvolvido pela Cooperativa de Reciclagem de Sorocaba (Coreso).
Há mais de um ano tento negociar com o prefeito seu apoio ao projeto de lei (PL) 196/2009, de minha autoria, que cria condições para ampliar a coleta seletiva de recicláveis e prevê remuneração para os catadores. Remuneração essa que tem como base o mesmo valor, R$ 103,70 por tonelada, que a prefeitura hoje paga para uma empresa particular recolher o lixo nas ruas e despejá-lo no aterro, sem medidas de reciclagem.
Já disse publicamente e repito: se o problema é a autoria do projeto, retiro meu nome da proposta. A prefeitura tem meu apoio para fazer ajustes no projeto e apresentá-lo à Câmara Municipal como iniciativa do Executivo. Minha exigência apenas é que não se descaracterize a idéia original, que se mantenha a essência do projeto.
Quanto à implicância do Paço, na figura do secretário de Parcerias Roberto Juliano, em relação à Coreso, é incompreensível. Trata-se de uma cooperativa com 11 anos de experiência acumulada. Ela foi formada por iniciativa da própria sociedade civil e gera renda para dezenas de famílias de catadores.
Apesar desse currículo da Coreso, é nítida a preferência do secretário Juliano por cooperativas criadas com o apoio da prefeitura, como a Ecoeso, a Reviver e a Catares. O tratamento desigual dado pelo Paço às cooperativas já foi comprovado em declarações de integrantes da equipe de governo em diversas matérias jornalísticas.
Eu também apóio a Ecoeso, a Reviver e a Catares. Mas meu apoio é direcionado ao trabalho dos catadores, não necessariamente à forma como essas cooperativas são gerenciadas.
Reportagem recente do Cruzeiro do Sul sobre denúncias de irregularidades na Ecoeso, por exemplo, trouxe à tona, no mínimo, a falta de acompanhamento, por parte do secretário Juliano, do que acontece na instituição pela qual ele tem tanto apreço.
Vale ressaltar que o secretário utilizou, várias vezes, a Ecoeso como referência para tentar desqualificar a Coreso e para se opor ao PL 196/2009.
O secretário afirma que as três cooperativas que ele aprecia não concordam com o PL 196/2009, que não querem firmar contrato com a prefeitura e ser remuneradas pela coleta. Ele afirma que essas cooperativas preferem ganhar um galpão centralizador dos produtos coletados.
Mas é curioso o fato de catadores desaprovarem um projeto que prevê remuneração por tonelada recolhida e que estimula a expansão e descentralização da coleta, não é?
Na minha opinião, a autêntica cooperativa dessa atividade é formada por catadores de recicláveis. Profissionais de outros segmentos podem participar como apoio e assessoria técnica (e isso é louvável), mas não como cooperados.
Empresas e instituições que apóiam a reciclagem também merecem nossas congratulações. A Uniso, por exemplo, apóia a Catares. A empresa Johnson Controls é incentivadora da Reviver. Tenho certeza que esses apoiadores não gostariam de passar pela situação que passou o secretário Juliano e ter que dizer que foram pegos de surpresa, diante de eventuais denúncias de irregularidades.
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