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Portas fechadas: Sem chaves à vista, resta abri-las à força?
Neste editorial da Folha Metalúrgica, a diretoria do SMetal reflete sobre o acesso à cargos e funções pelas mulheres na indústria e afirma compromisso com a luta das companheiras; leia mais
Elas precisam dizer esta frase por vários motivos. Uma mulher não podia votar até 1934, as casadas não podiam trabalhar sem autorização do marido até 1962 e, entre 1941 e 1983, elas foram proibidas até de praticarem profissionalmente esportes descritos pela lei como “incompatíveis com as condições de sua natureza”.
No Brasil, durante muito tempo, o que iria determinar se você teria ou não direitos básicos como votar, trabalhar e estudar, era o seu gênero de nascimento. Apesar de inúmeros avanços conquistados pelos movimentos sociais femininos, algumas portas permanecem fechadas. Sem chaves à vista, resta abri-las à força?
Um levantamento da subseção do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região traz alguns dados sobre a participação da mulher na indústria metalúrgica. Atualmente, a base do SMetal é formada por 42 mil profissionais, sendo que 19,29% são mulheres.
Os dados são da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), organizados pelo Ministério do Trabalho. A plataforma identificou 707 profissões no ramo e, em 356, não há mulheres no posto de trabalho. Isso significa que mais da metade das ocupações não contam com o público feminino. Engana-se quem pensa que se tratam, somente, de funções pesadas ou, como se diria em um passado tenebroso “incompatíveis com as condições de sua natureza”.
Diretor financeiro; diretor de planejamento estratégico; mecânico de manutenção de automóveis motorista de carro de passeio e pintor de veículos e reparação, são alguns exemplos em que não foram identificadas mulheres. Dados como esses, repercutindo a realidade de 2023, assustam. Isso porque é certo que as mulheres têm qualificação para esses cargos, o que fica de questionamento é a razão pela qual elas ainda não conseguem esses trabalhos.
O SMetal e o Coletivo de Mulheres da entidade, acreditam e defendem a paridade e equidade de gênero no mercado de trabalho. Mais do que isso. O Sindicato luta para que, em um futuro não muito distante, essa seja uma pauta superada. Para que as metalúrgicas–e todas as mulheres trabalhadoras–possam encontrar portas abertas e que usar a força seja preciso apenas na hora de avançar.
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